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XXV— Brasil— E. S. Paulo— Matáo, 15 de Setembro de 1949
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REVISTA MENSAL DE ESTUDOS ANÍMICOS E ESPÍRITAS
FUNDADOR :
CAIRBAR SCHUTEL
0 Espiritismo em Marcha - • • •
Porcos Precipitados .
Divagações Espíritas .
Cairbar Schutel .
Homenageai de José Bonifácio aos espíritas . . . • • • •
Livros e Autores . . . • •
Fenômenos de Materialização . .
Trinta anos entre os mortos . .
Pela Vitória do Espírito
Pontos de Vista
0 Homem Colaborador de Deus .
Crônica Estrangeira .
Espiritismo no Brasil .
Redação J. B. Chagas Dr. Luiz Martucelli Redação
S pária co Banal
Leopoldo Machado
Amadeu Sanfos
Dr. Francisco Klórs Werneck
Pereira Guedes
Leopoldo Machado
M. Quinfao
Redação
Redação
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ANO XXV — E. S. Paulo — Matão, 15 de Setembro de 1949 - NUM. 8
Renata Internacional
do espiritismo
REVISTA MENSAL DE ESTUDOS ANLMICOS E ESPÍRITAS
FUNDADOR : Cair bar Schutel
DIRETOR : José da Costa Filho X* REDATOR : A. Watson Campeio
GERENTE : Ahtonia Perche S. Campeio
Redação: Av. 28 de Agosto, n. 301 Oficinas: Rua Rui Barbosa, n. 673
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0 Espiritismo em March a
O surto progressista do Es¬ piritismo no Brasil é mui¬ to expressivo para acredi¬ tarmos sem reservas que o nosso país marcha na vanguarda das nações mais adiantadas no cam¬ po do espiritualismo.
Efetivamente, de norte a sul o Espiritismo marcha admiravelmente, num desafio destemido aos ataques desapiedados dos corifeus da reli¬ gião, que dia a dia mais se enfure¬ cem ao ver a debandada das suas ovelhas. E nos seus ataques gratuitos, longe de convencerem os seus des¬ crentes adeptos, cooperam, eficiente- mente até, para despertarem as crea- iuras sensatas e amigas da Verdade, que inconscientemente acreditam nos seus dogmas e cultos exteriores, fru¬ tos do decaído paganismo, para o estudo da doutrina dos Espíritos, codificada pelo excelso missionário, Leon Hippolite Denizard Rivail (Al- lan Kardec).
Eaz pouco tempo, confirmando esta nossa afirmativa, recebemos car¬ ta de um confrade residente em Ala- gôa Nova, Estado da Paraíba, na .qual nos informa sôbre a marcha do Espiritismo nessa cidade e, entre ou¬ tras cousas, diz o seguinte:
«O Espiritismo está sendo pro¬ pagado do púlpito da igreja romanis- ta desta cidade. O padre, durante o
mês de Maio, ocupou- se exclusiva¬ mente do Espiritismo. Quasi se esque¬ ceu das suas atividades político-par¬ tidárias para atacar de rijo o Espiri¬ tismo.
E os comentários da cidade são sôbre os sermões de burro , porque num dos sermões êle se referiu à reincarnação de um burro.
Os sermões não estão dando os resultados desejados; pelo contrário, estão servindo de propaganda, doís as sessões do Centro Espírita «Bit¬ tencourt Sampaio» estão ficando à cunha, numa demonstraçãc patente de que o povo não se deixa iludir mais pelo canto das sereias roma¬ nas; quer factos, quer, enfim, a Ver¬ dade em sua pureza».
O que muito tem contribuído pa¬ ra acelerar a marcha do Espiritismo no Brasil é a reprodução sucessiva, e em escala cada vez mais elevada, dos factos demonstrativos da sobre¬ vivência individual. E’ verdade que existe ainda muito embuste, mais pro¬ duto da ignorância do que da má-fé, porém não se póde negar que fenô¬ menos realmente interessantes vêm se verificando nos Centros Espíritas bem orientados, tais como materialização de espíritos, «voz-direta», levitação e transporte de objetos, impressões di¬ gitais e trabalhos em parafina, etc. Além disso, o Alto vem brindando o
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Revista internacional cio Espiritismo
povo brasileiro com mensagens e en¬ sinos transcendentais, verdadeiras o- bras primas da literatura, da ciência, da filosofia e da religião, como as que nos são transmitidas através da mediunidade de Francisco Cândido Xavier, obras que, apesar de serem reeditadas aos milheiros, se exgoiam rapidamente.
O número de jornais e revistas espíritas é apreciável, com tendência a aumentar ainda mais, como prova de que os espíritas não querem vi¬ ver em beatífica contemplação , á espera de que a sua felicidade e o aperfeiçoamento do seu espírito se façam á custa do esforço alheio. Que¬ rem estudar, querem evoluir e, como sabem que sem obras de caridade, que é o princípio do amor do pró¬ ximo, não pode haver perfeição es¬ piritual e, portanto, felicidade, empe- nham-se a fundo no trabalho da as¬ sistência social, como anteparo ás investidas dos inimigos gratuitos do Espiritismo e dos espíritas.
Enquanto nos outros países o Espiritismo se desenvolve lentamen¬ te, certamente em virtude de ser en¬ carado sob um único aspecto — o cien¬
tífico — no Brasil êle se propaga por toda parte, desde as metrópoles até os lugarejos mais distantes. Há sitios que possuem centros espíritas lega¬ lizados, com regular assistência. O nosso representante* viajante, sr. )oão Leão Pitta, disse- nos que no Estado de Minas, o propriefário de um sitio, tendo se convertido ao Espiritismo, tranformou a igrejinha de sua pro¬ priedade num Centro Espírita. São inú¬ meros os casos idênticos a este, o que constitue prova ou indício segu¬ ro de que o Espiritismo — encarado no Brasil sob os três aspectos cien- tíifico, filosófico e religioso, vai de¬ molindo as arcaicas crenças religio¬ sas fundadas nos dogmas e cultos externos e implantando em todas as almas a verdadeira fé, a certeza ab¬ soluta de que o homem sobrevive á morte do seu corpo físico, em de¬ manda da Perfeição, no seio da Eter¬ nidade.
Os espíritas brasileiros estão de parabéns, não só porque o Espiritis¬ mo avança a passos de gigante, rnas também porque o seu trabalho tem dado bons frutos, graças ao adjutó- rio decidido da Milícia Celestial.
/. Porcos Precipitados \
— «E saindo do possesso , os espíri¬ tos imundos entraram nos porcos , e a manada que era de alguns dois mil , foi precipitar- se, com grande violên¬ cia no mar , e alí todos se afogaram». (Mar. V-ij).
Escolhemos para o estudo desta crô¬ nica a passagem evangélica acima anota¬ da, por constatar que muito dos nossos irmãos, e até alguns de grande responsa¬ bilidade no âmbito doutrinário, guardam a respeito da mesma, opiniões divergentes.
Por mais de uma vez temos dito, que o Evangelho sem as explicações tra¬ zidas hoje pelo Espiritismo, seria sempre um livro incompreensível, enigmático, mesmo, escudando a nossa opinião na afirmativa do Codificador, quando escre¬ veu que — «O Espiritismo é a chave, com
o auxílio da qual tudo se explica de mo¬ do fácil». (EVANG. S/ ESP. Cap. VIII n.° 17)-
E com o auxílio desta chave, va¬ mos demonstrar como é que o Espiritis¬ mo explica, cientificamente, o ocorrido, narrado na passagem evangélica, transcri¬ ta ; — legítimo fenômeno de assombração ou visualização.
A subjugação consiste na ação do¬ minadora que um mau espíriro exerce so¬ bre um outro Espírito que, por mais fra¬ co, se deixou dominar e que aquele su¬ jeita temporáriamente à sua vontade. Pa¬ ra produzir esse efeito, o subjugador atua fluídicamente sobre o outro. No caso de possessão, o domínio é mais completo. Combinando os fluídos do seu perispíri- to com os do perispírito do incarnado, o mau espírito se introduz no instrumento corpóreo dêste último e lhe imprime uma
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ação que é resultante daquela combina¬ ção fluídica.
Expelindo dos possessos os espíritos seus perseguidores, fez Jesus que estes se manifestassem visualmente aos porcos, os quais, espavoridos com aquela visão, se precipitaram ao mar, morrendo afogados. Os espíritos obsessores, obedientes à von¬ tade de Jesus, apenas se fizeram visíveis aos porcos, espantando-os. Eles não pas¬ saram nem entraram para os porcos, como afirmaram os evangelistas, pela ignorância que só agora foi possível revelar a tal respeito.
Facto idêntico, anotou o brilhante escritor Dr. Carlos Imbassahy, na sua re¬ bente obra -CIÊNCIA METAPSÍQUICA, referindo-se a um médium que «começou a ver espíritos que tomavam formas de animais horrendos e lhe falavam ; que costuma ser transportado a grandes dis¬ tâncias e chega a ir aos planetas, onde es¬ píritos maus querem matá-lo com golpes fluídicos». (pags. 1 77/8 — Gilbert Ballet e Monier Vinard).
Explica-se, assim, as aparições dos zumbis, caiporas, mulas sem cabeça, et- caterva . . .
Quanto ao conhecimento dos meios e processos pelos quais se produzem esses fenômenos de visão nos animais, ainda o não podemos ter, porque nos falta o da natureza dos fluídos, de suas proprieda¬ des e das combinações de que são passí¬ veis.
Nem por isso, entretanto, nos deve importar a incredulidade e a negação dos sábios, dos materialistas, de todos os que se supõem senhores exclusivos da verdade, do bom senso, da razão e do mundo, que chamam seu. Para firmarmos a nossa crença, na realidade dos efeitos terríveis e formidáveis da ação dos espíritos infe¬ riores, temos os factos autenticados pelos Evangelistas, temos a ciência espírita, cu¬ jo estudo leva ao conhecimento de tais factos, temos a nova revelação, que nos veiu desvendar os segredos do além-tú¬ mulo, temos as manifestações mediúnicas que, cada vez em maior número, se dão por toda parte, demonstrando o poder, a extensão e as modalidades várias da atua¬ ção dos sêres do plano incorpóreo sobre os incarnados. (Vêr ELUC. EVANG. pags. 159/60).^
ANDRÉ LUIZ, nas suas magistrais obras, instrue-nos muito especialmente a respeito do poder que os espíritos pos¬
suem sobre os fluídos, que eles manejam ao seu bel-prazer, causando as vezes sur- prêsas aos incáutos, contando êle, feliz¬ mente, com um cicerone prestimoso, o irmão Calderaro, que a seu turno o con¬ duziu ao limiar das cavernas , uma espécie de «sei vá escura», a que se referira Dan- te Alighieri, no seu imortal poema, ao considerar que êle, estudioso que era, muito lucraria em descer até lá, porque encontraria inexgotável material de ob¬ servação, sem necessidade de enfrentar si¬ tuações embaraçosas, para as quais êle ain¬ da não se havia apresentado conveniente¬ mente .. . (MUNDO MAIOR, pag. 209).
«A lei que rege as manifestações es¬ píritas, uma vez conhecidas, vem expli¬ car-nos um grande número de problemas julgados sem solução ; é a chave de uma multidão de fenômenos explorados e am¬ pliados pela superstição». (PRINC. ES¬ PÍRITA, pag. 66).
A Anatomia e a Fisiologia já de¬ monstraram experimentalmente a identi¬ dade de composição e de funcionamento vital dos tecidos, quer sejam animais, quer humanos, que poderiamos repetir hoje com Le T)AN7EC, que afirmou que a «substância cão», pode viver na «substân¬ cia homem».
Analizada a hipótese, porém, pelo que é puramente espiritual, tudo prova, também, não existir entre a alma do ho¬ mem e a dos animais, mais que uma di¬ ferença de gráus, tanto do ponto de vista moral, como do intelectual, considerados, é certo, até determinado limite.
«Segundo a opinião de alguns filó¬ sofos espiritualistas — diz sabiamente Al- lan Kardec — o princípio inteligente, dis¬ tinto do principio material, individuali¬ za-se e elabora-se, passando pelos diver¬ sos gráus da animalidade ; é nesses gráus que a alma se ensáia na vida e desenvol¬ ve as suas primeiras faculdades pelo 'exer¬ cício ; é, por assim dizer, o tempo da incubação. Chegado ao gráu de desenvol¬ vimento que comporta esse estado, ela recebe as faculdades especiais que cons¬ tituem a alma. Haveria assim a filiação espiritual do animai ao homem, como existe filiação corporal». (GÉNESIS -Cap. XI — n. 23).
Quanto ao desenvolvimento grada¬ tivo da alma— diz-nos Erasto — não ter ela, quanto ao presente, nenhuma apti¬ dão para se mesclar, unir, fundir com o sopro divino, a alma etérea, o Espírito,
Íicvísla Íutcí nacional do Üsplrltlsino
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numa palavra, que anima o ser essencial¬ mente perfectível — o homem, o rei da Creação». (LIV. MED. n.o 23 6).
Compreendemos, assim, que os espí¬ ritos imundos não entraram , na expressão do termo, para os porcos, porque caso isso ocorresse daria lugar a uma incorpo¬ ração. Muito menos uma subjugação teria ocorrido, porque para que se desse a sub¬
jugação, serra .necessário e indispensável, que se combinassem os fluídos perispiritais de uns com os outros, o que pratica¬ mente, era impossivel, pelas razoes adian¬ te expostas pelo Espírito Erasto.
E por hoje é só.
Nova Iguaçu, Julho — 1949.
J. B. CHAGAS.
Dr. Luiz Maturcelli
A réplica oferecida ás nossas considerações evangélicas fo¬ mos qualificados como ini¬ migos da religião de Cristo tão só porque não comun¬ gamos com a prática segui¬ da por outras seitas reli¬ giosas.
Tal conceito poderia justificar-se se se considerasse como inimigo todo aque¬ le que atenta contra os interesses mate¬ riais dos que fazem comércio com os princípios divinos, adulterando-os ao sa¬ bor das suas conveniências e de acordo com a intenção de manter prestígio entre as classes ignaras, explorando a sua boa fé e vendendo absolvições e indulgências na terra.
São Paulo dizia aos seus ouvintes : — «Examine tudo,, mas só abrace o me¬ lhor». Nêsse ensinamento êle recomenda que não se deve adotar qualquer princí¬ pio religioso sem um exame claro, racio¬ nal e inteligente de todas as escrituras, para o conhecimento da verdade. Aliás, já o Mestre advertia : — «Êste povo honra- me com os lábios, mas seu coração está longe de mim. Adora-me, porém, em vão, ensinando doutrinas que são preceitos dos homens». (S. Mateus, cap. 15, v. 8 e 9).
Daí, se os dogmas, as cerimônias aparatosas, discrepam do exemplo de sim¬ plicidade, de cordura e piedade santa, for¬ necidos por Jesus, não vemos em como se deva admitir como verdade intangível os preceitos ditados pelos próprios ho¬ mens, em completo contraste com os en¬ sinamentos do Mestre.
O Espiritismo, no entanto, não é obra dos homens ; não é creação ou adap¬ tação desta ou daquela comunidade reli¬ giosa ; mas sim a vivificação profunda e
real das lições do meigo Nazareno, reve¬ lada pelos espíritos por êle postos em co¬ municação direta com os encarnados.
Dir-se-á que esses espíritos são os próprios demônios tentando os homens. Entretanto, ninguém põe em dúvida a re¬ velação feita a Moisés, no Sinai, dos dez mandamentos da lei de Deus ; ' ninguém contrasta a revelação feita a S. Pedro na cidade de Joppe : «Estando eu orando na cidade de Joppe vi, arrebatado dos sen¬ tidos, uma visão, um certo vaso, como um grande lençol que descia do céu e, baixado, vinha até junto a mim. No qual pondo eu os olhos considerei e vi ani¬ mais da terra, quadrúpedes e féras, e rep¬ tis e aves do céu. E ouvi a voz que di¬ zia : levanta-te, Pedro, mata e come ; Ninguém duvida sobre o acontecido a Saulo, depois apóstolo S. Paulo, na estra¬ da de Damasco.
Em tais circunstâncias os espíritos que se comunicam com os homens não são o próprio demônio tentando as crea- turas de Deus. E como considerá-los as¬ sim se eles recomendam a prática da ca¬ ridade, do amor ao próximo, a cordura e a fraternidade ? Como considerá-los ini¬ migos de Deus se eles recomendam a pre¬ ce sincera para mais facilmente aproxi¬ marem-se dêle ? Evidentemente, se fossem demônios, seriam bons demônios pelo bem que praticam, pelo conselho eleva¬ do que dão.
Os evangelhos estão prenhes desses ensinamentos, todos eles firmados na dou¬ trina de Jesus.
Segundo esses ensinos a verdadeira religião é aquela que não se exterioriza em cerimônias pomposas que enchem a vista, mas desolam o. coração ; não é a- quela que se cifra nos desfiar das contas
Revista internaclouai do Espiritismo
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do rosário, mas sim aquela que é senti¬ da e praticada através de atos meritórios, unindo almas e corações, provocando a comunhão dos homens nos verdadeiros laços de fraternidade e amor desinteressa¬ do. «Orai em secreto», dizia Jesus. Os cultos exteriores, cheios de exaltação e aparatos, divorciam-se do caminho trilhado pelo Mestre.
Dizia ele : Dai de graça o que de graça recebeste. Afugenta do teu ânimo todo e qualquer sentimento de cobiça, de lucro ou de proveito pessoal e não im¬ plantes a discórdia e a 'desunião. Entre¬ tanto o que vemos é justamente o con¬ trário. A venda das absolvições ; as pre¬ ces pagas ; as indulgências pagas antes do cometimento das faltas.
A religião de Cristo não está nas igrejas, mas nos corações dos homens que seguem o caminho por ele trilhado. Bem o disse Paulo : - Deus fez o mundo e to¬ das as coisas que nele há, este sendo o Senhor do céu e da terra, não habita nos templos feitos pelos homens. Nem tão pouco é servido por mãos de homens, como necessitando de alguma coisa, pois é ele só quem dá a todos a vida, a res¬ piração e todas as coisas. (Atos, 17-v. 24.)
*
* *
Para condenar a invocação dos es¬ píritos desincarnados o nosso distinto con- traditor citou a lei Mosaica. Escusa di¬ zer que essa lei foi derrogada pelos Evan¬ gelhos do Mestre. Todavia quando fosse de obedece-la, a sua obediência deveria atingir a totalidade dos seus preceitos e não apenas os escolhidos a dedo. Assim teríamos que admitir a justiça de Talião: Olho por olho, dente por dente, con¬ trastando com os ensinamentos de Jesus que pregou o perdão, a humildade e a caridade para com os nossos próprios ini¬ migos.
Como quer que seja, entretanto, o preceito da lei mosaica, não foi devida¬ mente compreendido pelo nosso antago¬ nista. Essa lei proibiu a evocação dos mortos porque essa evocação não com¬ preendia os sentimentos de respeito e de piedade para com eles, mas transformavam- na em objeto de especulações, de augú¬ rios e sortilégios. E, por isso, Isaias reco¬ mendava : — «Quando vos disserem, — consultai os mágicos e advinhos que bal¬ buciam encantamentos, respondei Não
consulta cada povo ao seu Deus ? E aos mortos se fala do que compete aos vivos (Isaias VIII, v. 19) e acrescentou : — Sou eu quem aponta as falsidades dos prodígios mágicos ; que enlouquece os espíritos dos sábios e confunde a ciência vã (Isaias, cap. XLIV v. 25).
O veadadeiro sentido das palavras de Moisés encontramo-lo no Levitico, cap. XIV v. 21 ; cap. XX v. 27 ; e no Deu- teronomio cap. XVIII, v. 9, 10, 11 e 12.
A lei de Moisés, nada tem a ver com o caso após o advento de Jesus, tanto assim que é ele quem diz : — Vós sabeis que foi dito aos antigos tal e tal coisa, eu vos digo TAL OUTRA COISA.
Jesus não proscreveu, totalmente, a lei de Moisés, antes sancionou-a no que tinha de melhor, através da doutrina por ele pregada. Entretanto, referência algu¬ ma fez à proibição da evocação, mas re¬ comendando — «Pedi e obtereis, pois a cada um se dará segundo as suas obras» admitiu a sua própria evocação para a formulação do pedido.
É êle quem nos dá o exemplo quan¬ do, ainda, sobre o madeiro, invocou ao Pai perdão para os seus algozes : «Perdoa pai, eles não sabem o que fazem».
Não há como confundir a evocação feita com fé, para fins piedosos e alevan- tados, com a evocação feita para mistifi¬ car, com fins especulatórios ou para ila- quear a boa fé.
Tais exploradores não se valem uni¬ camente da doutrina espírita. Na classe sacerdotal, por igual, encontramos santos e perversos ; verdadeiros apóstolos e pús¬ tulas humanas ; homens piedosos e sacer¬ dotes sem alma. E’ por isso que Jesus re¬ comendou a distinção dos falsos profetas. Daí, não se podendo tomar a parte pelo todo, segue-se que a doutrina espírita não pode ser confundida com a macumba e o baixo espiritismo.
Com relação à Ressurreição mante¬ mos o que já dissemos. Os textos foram citados pelo nosso antagonista com signi¬ ficado impróprio. O termo ressurgir ci¬ tado nos Evangelhos significa «Aparecer» , « mostrar-se », « apresentar-se », e não voltar ao mesmo corpo físico.
Jesus dizia : — Não vos maravilheis disto, porque vem a hora em que todos os que se acham nos túmulos, ouvirão a
itcvialci internacional do Espiritismo
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voz do filho do homem e sairão; os que fizeram o bem para a RESSURREIÇÃO da vida ; e os que fizeram o mal para a RESSURREIÇÃO do juizo. (S. João c. V v. 28 e 29).
Até hoje os nossos sentidos não cons¬ tataram nenhuma ressurreição corporal dos que morreram fisicamente, mas a nos¬
sa intuição nos evidencia que os seus es¬ píritos tiveram o seu prêmio ou o seu julgamento.
O conceito dos homens, mesmo, acompanhou a sua peregrinação extra ter¬ rena dispensarldo-lhes o seu veredictum segundo o seu merecimento, de acordo com a atuação na terra.
(5) Cairbar Schutel
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jípv nosso amado companhei- lip ro, Cairbar Schutel, nas¬ ceu na Capital Federal, em 22 de Setembro de 1868. Por¬ tanto, se ele ainda estivesse entre nós na sua forma física, comple¬ taria, no próximo dia 22, 81 anos de idade, e receberia de seus inú¬ meros amigos, pessoalmente, por cartas e telegramas, felicitações pe¬ lo grato acontecimento.
Entretanto, como a morte é a porta da Yida, e Cairbar Schu¬
tel se encontra mais vivo do que nunca, nos acompanhando e auxi¬ liando no prosseguimento da tare¬ fa que ele nos confiou, nós lhe enviamos, por este meio, o nosso fraterno e afetuoso abraço, reno¬ va ado os nossos votos de felicida¬ de e progresso espiritual, solicitan¬ do-lhe a continuação do seu indis¬ pensável adjutório, para que pos¬ samos levar avante a sua obra de difusão da Doutrina do nosso Ama¬ do Mestre Jesus.
Homenagem de José Bonifácio aos espiritas
O imortal brasileiro José Bonifᬠcio, servindo- se de um médium, qua¬ se analfabeto, ditou, numa sessão em homenagem aos espíritas, uma esplên¬ dida e inspirada poesia, mensagem assistida pelo dr. ArthuU Prado, que presenciou o movimento do braço do médium , quando o espírito se comu¬ nicava.
A mensagem que segue foi trans¬ crita de um recorte de uma revista, cujo título ignoramos :
HOMENAGEM AOS ESPÍRITAS
Aos homens, na voragem mergulhado, amei dos homens a inconstante sorte; fui aos poucos morrendo — arrebatado por outra vida que se chama morte.
Transpus ínvios caminhos, vi paragens onde a dor se abraçava ás alegrias ;
e de minh’alma as célicas miragens sentiram muita vez as ironias ;
as ironias cruas da ignorância, lama da terra, orgulho transformado ; fui aus poucos morrendo, qual fragrância de flor que habita ao longe algum valado.
José Bonifácio.
NOTA — O médium é o traço de união entre os homens e os entes queridos que se foram desta para a outra vida, em demanda de melhores dias.
E’ assim que, de quando em vez, somos agraciados, por seu intermé¬ dio, de noticias que nos certificam da imortalidade da alma e de sua in- discuiível comunicabilidade.
SPÁRTACO BANAL.
Revista Internacional do Espiritismo
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Livros e Autores MACHADO
OS EXILADOS DA CAPELA, Edgard Armond , S. Paulo
As dificuldades que se têm encon¬ trado para penetrar as origens da Terra e da Vida levaram gênios à altura de um Augusto Comte a descuidar das origens, para agarrarem-se, positivamente, à hora que passa.
O Positivismo, incontestavelmente u- ma doutrina de fundamentos e efeitos mo¬ rais em nada inferiores às doutrinas cris¬ tãs, e, em muitos passos, superior, moral c humanamente, à religião cristã, vem daí.
Só filosofando sôbre hipóteses, re¬ manescentes e restos de velhas civiliza¬ ções extintas, como os shell mounds, pue- blos, ostreiras, sambaquis, palafitas e me¬ galíticos póde-se criar sistemas sôbre os primeiros dias da Criação.
Sôbre os primeiros dias da Terra da Criação na Terra — e a Terra não passa de simples poeira de astro, de um grão de areia astronômico, de um mundículo atrasado e lerdo, na linguagem dos Fla- marion, Litre e Abade Moreaux — nada sabe a ciência humana com segurança.
Essa ciência irrequieta e fátua, que chega, por isso mesmo, e semcerimoniosa- mente, a negar Deus e o Espírito.
Uma obra que trate* desses assuntos com lógica e possibilidades de evidência, claro que deve ser obra de subido valor e agrado manifesto.
OS EXILADOS DA CAPELA, es¬ tá neste caso.
E’ obra do comandante Edgard Ar¬ mond, edição magnífica da Livraria Al - lan Kardec% Editora, de S. Paulo.
O autor inspirou-se na obra, A CA¬ MINHO DA LUZ, do Espírito de Ema¬ nuel. E diz, na sua abertura : «Não é obra de erudição e de ciência».
Mas, muitos cartapácios de ciência e de erudição não esclarecem tanto nem tão bem, nas suas exíguas duzentas pági¬ nas entrelinhadas, de livro de pequeno porte.
O autor faz uma síntese precisa e clara da origem da humanidade e de seu planetoide, ao alcance de todas as inteli¬
gências, ao paladar de todos os gostos li¬ terários mais exigentes.
Jogando com as ciências físicas, psí¬ quicas, com o ocultismo e o Espiritismo, com a Astronomia e deduções próprias, o livro leva o leitor ás origens da Terra, de sua humanidade e das raças que já existiram, que existem ainda.
E os factos culminantes do aspecto físico-psíquico de nosso mundículo per¬ passam diante da inteligência do leitor, que trava, assim, conhecimento com as primitivas raças, com os povos lemuria- nos, mongoleses, atlantes, até chegar à quinta raça, até as fronteiras do mundo no alvorecer do 3 0 milênio, no momento em que entramos na Era do Aquário, co¬ mo diria Anibal Vaz de Melo.
EXILADOS DA CAPELA é livro que convida, em cada página, a inteli¬ gência humana à análise das coisas, o Es¬ pírito humano ao raciocínio em torno dês- te e do outro mundo.
Somos grato ao volume que a Edi¬ tora nos enviou, generosamente.
Afinal, quem somos ? Pedro
Granja, em 4 a edição.
Um livro de estudos sérios, contrᬠrio a tudo que aí está de fé aceite e ofi¬ cializada, de ciências materialistas, chegar, em menos de dois anos, a 4 a edição, ainda que se trate de edições de 500 vo¬ lumes, é fenômeno inacreditável entre nós.
Profundamente inacreditável, consi¬ derando-se uma massa humana de setenta por cento de analfabetos, cujos trinta por cento restantes se morrem, geralmente, por leituras esportivas e policiais, por li¬ teratura de fancarias e romancezinhos.
Inacreditável, repetimos, levando-se em conta que o livro, caprichosamente bem impresso, quasi edição de luxo a baixo preço, não foi lançado por nenhu¬ ma editora famosa e capitalista, nem seu autor teve da grande crítica profana o aprêço e acolhimento que seria de esperar.
Agora, mesmo, o sr. Leo Vaz mete- lhe, insensatamente, a ripa , recebendo, em justo revide, ripadas mais seguras e irrespondíveis do autor, pela imprensa de S. Paulo.
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Kcvisia internacional do Espiritismo
Pedro Granja é um vitorioso.
Por isso aqui estamos para aplaudir sua retumbante vitória e agradecer o mag¬ nífico volume, com honrosissima dedica¬ tória, aliás, o segundo que safu das mãos do autor . . .
Quasi lhe nota uma falha : o autor não querer ajuntar ao volume as aprecia¬ ções críticas, ou excertos delas, como sóe acontecer em casos tais.
Não o fez, naturalmente, por mo¬ déstia, que não porque seu grande livro não carece de outros padrinhos além de sua própria grandeza.
Se AFINAL, QUEM SOMOS fôsse livro editado em outro país da língua in¬ glesa, francesa ou mesmo castelhana, tal¬ vez a estas alturas já tivesse edições de milhares de milhares de volumes espalha¬ das, que bem o merece.
Sessão do dia 27 de Março.
Com a irmã Lais tía presidência, os trabalhos são iniciados por uma prece.
Há, manifesto, na assistência, um frenesi oriundo do desejo de apreciar no¬ vos e desconhecidos fenômenos ostensi¬ vos, o que motivou uma admoestação em regra, embbra carinhosa, do guia que se comunica, encorporado no médium Lins. E’ assim que ele vai advertindo nestes termos : «a missão maior do Grupo «An¬ dré Luiz» não é a de produzir fenômenos de materialização e similares e sim a de confortar os doentes, possibilitando-lhes a cura das suas moléstias», advertifltto que, por consequência, é enorme a responsabi¬ lidade dos frequentadores destas sessões, cabendo-lhes trazer alerta a consciência para o cumprimento exáto dos seus deve¬ res, o primeiro dos quais deve consistir na iluminação do espírito de simples cu¬ riosidade, como comparticipantes do tra¬ balho de tão elevada envergadura moral. Recolhe-se o médium ao aposento reser¬ vado ao seu descanso e faz-se um am¬ biente de penumbra.
Estabelece se um ligeiro período de recolhimento espiritual e de elevada me¬ ditação, entoando-se em seguida, um hino e proferindo-se uma prece. Forma-se uma espécie de nebulosa, mais parecendo um rendilhando de estrelas pálidas, mas cin¬ tilantes, transformando-se, aos poucos, nu¬ ma cruz luminosa, diferente das que apa¬ receram na reunião do dia 23. A sua di¬ mensão era, aproximadamente, de 30 x 20 centimetros. Não tinha o fulgor das pri¬ meiras, mas encantava pela beleza das suas disposições.
Começam a surgir explosões inter¬ mitentes de luz frouxa, semelhantes a re
lâmpagos. Segue-se a aparição de uma entidade espiritual, ostentando uma veste, parecendo tecida de fios de luz, tal o bri¬ lho de que se caracterizava. Vem se apro¬ ximando lentamente do salão, penetrando no meio da assistência e indo de uma à outra das suas extremidades, a aplicar passes nos presentes e a fazer gestos com os braços, que mais pareciam cadenciada manifestações de uma liturgia ignorada. A sua luz natural ilumina o irmão incar¬ nado, do qual se aproxima, o inverso, portanto, do que se verificára na sessão anterior. Ficou estabelecido, pelo consen¬ so unânime dos circunstantes, tratar-se do espírito de João de Deus, confirmado, co¬ mo veremos adiante, pela palavra autori¬ zada de José Grosso. Surge outro espíri to, logo que aquêle desaparece, de trajes igualmente luminosos, passeando na sala, dando passes a alguns companheiros, fa¬ lando, ligeiramente, de viva voz e reti¬ rando-se pouco depois. O José embala- nos em doce enleio, através das suas ri¬ sadas rasgadas e alegres e de suas pala¬ vras requintadas de bom humor.
O irmão Fonseca pede-lhe que faça uma visita ás irmãs de Juiz de Fóra, Ara- - ci e Raquel, que ainda se acham enfêr- mas, e, antes que o espírito lhe respon- desse, um outro espírito, também com vestes luminosas, abre a cortina, por ela penetrando no recinto, indo colocar suas mãos na cabeça do próprio Fonseca, re- colhendo-se em seguida. Era Margarida. O Afonso, como ela o trata, ficou tímido de emoção, levando-o a arriscar um de¬ sabafo : «Sinto um bem-estar, uma paz de consciência e uma felicidade, que as mi¬ nhas palavras não sabem expressar». José Grosso torna a salientar-se com o seu
Revista Internacional do Espiritismo
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expediente louvável, alegrando-nos a to¬ dos. Eu peço-lhe que descremine os espí¬ ritos que já se materializaram, atendendo imediatamente à minha solicitação, res¬ pondeu: «João de Deus, Scheilla, Ilka e Margarida».
Fazem-se ligeiros comentários dou¬ trinários, entoam-se hinos e proferem-se preces. Nina e Neuza, em materializações luminosas, semelhantes ás dos espíritos anteriorce, vêm à sala, percorrem-na e trocam impressões com alguns correligio¬ nários, notadamente com Lais e Lenice. Aparecem ainda copiosos fenômenos lu¬ minosos.
Três espíritos surgem seguidamente no centro da sala, profusamente ilumina¬ dos. O último destes dirige-se ao irmão Fonseca, dizendo-lhe, depois de o acariciar : «Espero-te no Plspaço ; seremos eterna¬ mente unidos». A luz da sua indumentᬠria, refletia-se na mesa, ao lado da qual passava, como se fora de um espelho em que se projetasse intensos raios de luz. Um espírito, observa : «entregai vos à luta titânica pela vitória da vossa transforma¬ ção interior». Outro afirma : «conto con¬ vosco para o trabalho em benefício dos sofredores !» O Fidelinho aparece, como soe acontecer quasi sempre, envolto em intensa luz. Inclina-se, move-se e canta a «Canção Materna», gesto que é seguido pelos presentes. Dá-se então um facto singular: O bondoso espírito, mostra-nos o lenço que os espíritos arrebataram, em Novembro do ano passado, das mãos de Maria Amélia Ribeiro de Castro, dizendo que só o entregaria à sua dona, em Cam¬ pos, na próxima visita que o médium fa¬ rá à «Escola Jesus Cristo», onde se efe¬ tuarão sessões de efeitos físicos. Ilka affa- rece e pergunta ao caro Vitorino Eloi dos Santos se gostou do seu retrato. Conver¬ sa animadamente com os seus pais, Vito- rino e D. Alina. Passados rápidos instan¬ tes, Garcês, por voz direta, anuncia que é chegado o momento de encerrarmos a sessão. Adverte ainda; «Os espíritos sa¬ tisfizeram a vossa curiosidade, mas espe¬ ram que aqueles que vieram apenas com o pensamento fixo na apreciação dos fe¬ nômenos, se unam aos dedicados trabalha¬ dores da Seára do Mestre». Determina que, eu vá despertar o médium, o que fa¬ ço com indizível satisfação. Os trabalhos são encerrados depois de cantado o hino «Pai do Céu», marcando o meu relógio, vinte e três e meia horas.
Seja-me permitido abrir, aqui, espa¬ ço à colaboração valiosa do meu prezado amigo e prestante confrade Major-farma¬ cêutico Ismael Pinto, que focalizará os aspectos fenomenológicos da sessão em apreço, certamente com mais precisão e clareza do que eu, como o poderão com¬ provar os amáveis leitores.
«UMA SESSÃO NO GRUPO ESPÍRITA «ANDRÉ LUIZ»
Quem tem a felicidade de compre¬ ender, através da Filosofia Espiritualista, os fenômenos de além túmulo, bem póde considerar-se, nêste mundo tão materialis¬ ta, possuidor, já, de um vasto quinhão de felicidade. Quão dolorosos devem ser, pa¬ ra aqueles que não têm a alentá-los o apoio da fé espírita, nos momentos de amarguras e de provas retificantes ! O que não será, para quem não aceita o Espiri¬ tismo, a perda de um parerite querido que se afasta do plano material, para a verdadeira vida ! Todos nós, espíritas, que temos a felicidade de compreender e acei¬ tar ess? Doutrina Divina, esse verdadeiro Consolador, que nos foi prometido por Je¬ sus, não podemos deixar de Lhe agra¬ decer, do íntimo de nossos corações, a benção que nos concedeu, permilindo-nos o conhecimento de mais essa parcela da Verdade. São essas as considerações que sempre nos vêm à mente, quando nos re¬ tiramos, principalmente ás terças-feiras e aos sabados, das sessões do Grupo Espí¬ rita «André Luiz».
Infelizmente, a maior parte da Hu¬ manidade ainda não se convenceu da jus¬ tiça das palavras de William Crookes, o< célebre físico inglês, que por determina¬ ção da Real Academia de Ciências de Londres, foi investigar a veracidade dos factos espíritas: «Os fenômenos espíritas não são possíveis, são REAIS».
Após assistirmos tantas maravilhas, tantas comunicações tangíveis, visíveis e audíveis, .só podemos lamentar que toda a Humanidade não as possa assistir co¬ nosco. Entre as maravilhosas sessões que, por misericórdia divina, temos tido opor¬ tunidade de assistir, como integrantes ín¬ fimos do aludido Grupo, esta, a da noite de 2 7 de Março do ano de 1948, é sem dúvida uma das mais destacadas. Eram mais ou menos 20 horas, quando sob a presidência da irmã Lais Teixeira Dias,
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foi, após sentida prece, aberta a sessão. Éramos pouco mais de 50 confrades, al¬ guns dos quais ainda não haviam preen¬ chido todas as condições exigidas para poderem assistir aos trabalhos, ou melhor, para neles poderem tomar parte. O irmão Dr. Amadeu Santos, de início, fez veemen¬ te apelo aos confrades, no sentido de evi¬ tarem comparecer a essas sessões, sem pre¬ viamente haverem, para tal, obtido a per¬ missão do Alto. Em seguida usou da pa¬ lavra o Dr. Clodoaldo Magalhães Aveli¬ no, presado confrade de Belo Horizonte, que leu uma detalhada descrição do que pudera observar na sessão anterior, onde pela primeira vez foram assistidos traba¬ lhos de materializações com iluminação do perispírito. Disse o Dr. Clodoaldo da satisfação que tivera em constatar a ve¬